A grande e honrosa
tarefa que Deus reservou para os pais é a de gerar e educar os seus filhos. Os
pais são cooperadores de Deus na maior de todas as missões, gerar os filhos de
Deus, à sua imagem e semelhança. Nada pode se igualar à sublimidade desta obra.
Se é importante e digno produzir os bens que utilizamos: casas, roupas, móveis,
alimentos, etc, quanto mais digno e nobre é dar a vida a novos seres humanos?
Uma só vida humana vale mais do que todo o universo material, pois nada disso
tem uma alma imortal, imagem e semelhança do próprio Deus.
O Catecismo da Igreja
nos ensina que “a paternidade divina é a fonte da paternidade humana”(§ 2214),
e que aí está o “fundamento da honra devida aos pais”. Os filhos devem aos pais
o “dom da vida”.
Por ser muito grande a
missão dos pais, Deus lhes cobre de glória, e obriga os filhos a honrá-los. É
impressionante notar como Deus exalta a figura dos pais, em face da sua missão
importantíssima de gerar e educar os filhos.
O destaque aos pais
começa pelo fato de um dos Mandamentos, o quarto, ser dedicado a eles: “Honrar
pai e mãe”. São Paulo nota que “este é o primeiro mandamento que vem
acompanhado de uma promessa: Honra teu pai e tua mãe, para que sejas feliz e
tenhas vida longa sobre a terra” (Dt 5,16; Ex 20,12; Ef 6,2).
Honrar quer dizer
encher de honra; reconhecer a sua dignidade.
Todo o capítulo 3 do
Livro do Eclesiástico mostra a importância dos pais na vida dos filhos, a
importância da autoridade que Deus lhes confiou e a necessidade dos filhos lhes
obedecerem.
“Ouvi, meus filhos, os
conselhos de vosso pai, segui-os de tal modo que sejais salvos” (Eclo 3,2).
O filho que desprezar
esses conselhos corre o risco de se perder nos caminhos perigosos da vida. Muitos
jovens se tornaram escravos dos vícios, da droga, do crime, da prostituição, e
de tantos outros males, porque não ouviram os conselhos do seu pai. Outros se perderam
porque os seus pais não lhes deram esses conselhos.
A autoridade dos pais
vem de Deus; essa autoridade não é usurpada, nem falsa, é autêntica. Jesus
disse a Pilatos que “toda autoridade vem de Deus” (Jo 19,11).
“Quem honra seu pai
achará alegria em seus filhos, será ouvido no dia da oração” (v. 5 e 6).
Quem de nós não deseja
encontrar alegria em seus filhos?
Quem não deseja ser
atendido por Deus em sua oração ?
Pois bem, essas são
promessas que Deus faz aos filhos que honrarem os seus pais.
“Quem honra seu pai
gozará de vida longa… (v.7).
Esta “vida longa”, que
para os judeus era sinal da bênção, significa uma vida abençoada por Deus. “Honra
teu pai por teus atos, tuas palavras, tua paciência a fim de que ele te dê a
sua bênção… afim de que ele te dê a sua bênção e que esta permaneça em ti até o
teu último dia ” (V. 9 e10).
Diz
ainda o Eclesiástico que:
“A bênção do pai
fortalece a casa de seus filhos, a maldição de uma mãe a arrasa até os
alicerces” (v.11).
Quantos filhos ofendem
os seus pais por palavras: ofensas, zombarias, palavrões!…
A bênção dos pais para
os filhos não é mera formalidade social ou tradicional; mas é bênção do próprio
Deus para os filhos “através” dos pais.
Urge
portanto resgatar este santo costume:
“A bênção pai!” “Deus
te abençoe meu filho!”
Tenho uma grande
alegria ao ver os meus cinco filhos me pedirem essa bênção, beijando minha mão
e meu rosto. É com toda a força da minha alma que os abençoo; e sei que a
bênção de Deus vai com eles. Diz ainda o Eclesiástico:
“Meu filho, ajuda a
velhice do teu pai, não o desgoste durante a vida” (v. 14).
O cuidado com os pais
deve ser esmerado, sobretudo na velhice. Sabemos que é incômodo cuidar dos
velhos, doentes, às vezes ranzinzas. Mas é nesta hora, sobretudo, que se prova
o amor dos filhos por eles.
“Se seu espírito
desfalecer sê indulgente, não o desprezes porque te sentes forte, pois tua
caridade para com o teu pai não será esquecida” (v. 15).
Eis uma realidade: os
pais também têm defeitos. Mas Deus quer recompensar ricamente o filho que, com
paciência, suporta esses defeitos e, assim mesmo, honra os pais. Se esses são
difíceis, intolerantes, cheios de manias, maior será o mérito do filho diante
de Deus, por ter honrado um pai ou uma mãe tão difícil. Deus sabe que há pais
terríveis: alguns bêbados, outros drogados, criminosos, adúlteros, etc… mas, é
por isso mesmo que ele oferece aos filhos três belas recompensas (cf. Eclo 3,
16) para aqueles que, na caridade e na paciência, por amor a Deus, os
suportarem, mesmo com os seus defeitos.
Tenho trabalhado com
jovens; e sei que muitos sofrem por causa dos problemas dos pais. No entanto,
por amor a Deus, na força do Espírito Santo, tenho visto muitos jovens
superarem os ressentimentos causados pelos pais; muitos até têm contribuído
decididamente para a conversão dos pais e a mudança de suas vidas.
Quanto mais difícil for
para você, jovem, amar e honrar o seu pai, por causa dos seus defeitos, tanto
mais terá méritos diante de Deus e tanto mais será recompensado e abençoado.
Se o teu pai não lhe
der amor “vingue-se” dele, amando-o; fazendo por ele o que talvez os teus avós
não puderam fazer por ele. A “vingança do cristão é o perdão”.
“Meu filho, guarda os
preceitos de teu pai… Quando caminhares, te guiarão; quando descansares, te
falarão” (Pr 6,20-22).
“Um filho sábio escuta
a disciplina do pai, e o zombador não escuta a reprimenda” (Pr 13,1).
Quero terminar deixando
aqui uma pergunta para os filhos: Na sua casa, você é um problema a mais para o
seu pai, ou você é solução para os seus problemas? Você reza por ele? Você o
perdoa? Você sabia que muitas vezes o pai chora por causa do filho silêncio do
seu quarto!?…
Prof. Felipe Aquino
cleofas.com.br